quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Um estudo criminológico do Maranhão pelo imortal José Sarney

 

No dia 24 de dezembro de 2013, o imortal político José Sarney, comentou a situação da segurança pública na capitania hereditária do Maranhão. A análise ofertada pelo senador do Amapá em defesa da política pública da governadora e herdeira Roseana é particularmente interessante à luz dos recentes eventos.

Seguem-se trechos da entrevista concedida à Rádio Mirante AM (órgão isento de imprensa que é parte do botim da família Sarney).

Sobre as causas do aumento da violência no Maranhão: “Quando se aperta no Sul do país, que tem mais dinheiro, eles apertam as quadrilhas, elas vêm pra cá, pro Norte. E começam, então, a agir aqui nos termos que agem no Sul, formando nos presídios grupos, comandos, um enfrentando o outro, um querendo liquidar o outro…” 

Brilhante! O problema da criminalidade no Nordeste é a eficiência das políticas de segurança pública no Sudeste. Peraí... Mas isso significa dizer, por outro lado, que os criminosos preferem migrar para o Nordeste em busca de melhores condições de "trabalho"? Retirantes do crime?

Mas então qual a solução, caro senador?

Segundo o chefe do clã Sarney: O problema "é de difícil solução". Uau! Não é de se admirar que tal genialidade tenha alçado o Senador à Academia Brasileira de Letras.

Mas poderíamos perguntar: Não seria o caso de, mesmo correndo o risco de deixar desamparados os retirantes do crime, melhorar a segurança pública no Maranhão?

Para isso o Senador tem a resposta: “Eu acredito que estamos fazendo tudo o que podemos com o recursos que temos. O Maranhão é um Estado pobre. Estava vendo hoje o nosso orçamento: R$ 14 bilhões. Esse orçamento do Maranhão equivale a um quinto do orçamento da cidade de São Paulo, que não tem 217 municípios, não tem 217 redes hospitalares, não tem nada disso.” 

Olha só... A reserva do possível

Poder-se-ia perguntar ao senador do Amapá se a população maranhense está em perigo. 

Mas José Sarney tranquiliza a todos asseverando: “Aqui no Maranhão, nós conseguimos que a violência não saísse dos presídios para a rua”.

Agora sim, o Estado do Maranhão pode restar tranquilizado. Só morrem os rejeitados, amontoados, marginalizados, bestializados que estão nos presídios. O cidadão de bem - se é que isso existe - não tem nada a temer.

Peraí, mas se isso é verdade - que a violência está restrita nos presídios do Maranhão - como explicar os eventos recentes? Como explicar os 807 homicídios na região metropolitana de São Luiz? Como explicar que de 2000 à 2013 os homicídios nesta mesma região crescerão 460%? 

Será que a resposta guarda alguma relação com o fato do Maranhão possuir a menor relação policial por habitante do Brasil? 1 policial para cada 710 moradores (Brasília, por comparação, possui 1 por 135). Ou será que por conta da menor taxa de encarceramento do Brasil? 128,5 presos por 100 mil habitantes. São Paulo, a título de comparação, possui 631,1 por 100 mil habitantes.

Não senhores, a resposta disso é a reserva do possível.

Lembrem-se, portanto, sempre é possível votar em outra pessoa.

  

 






 

Um comentário:

  1. Meu caro, não é a tôa que quando cito o Maranhão em minhas aulas, chamo de FEUDO dos Sarney. Acredito que os acontecimentos atuais (entre vários outros) me dá certa razão!! Abraço, parabéns pelo BLOG.

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